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13.11.05


O Guri Inocente

Explorando o ócio criativo em sua casa, lá estava o guri novamente. Perambulando pelo apartamento, acabou fixando seu local de exploração no quarto dos pais. Gavetas de armários e criados-mudos são perfeitos para exploradores de 10 anos. Mexe daqui, fuça dali, verificou que haviam dois desses móveis no ambiente, um de cada lado da cama. Do lado esquerdo, o da mãe, um depilador Ladyshave, um estojo-espelho com uma pinça, uma caixinha de jóias, um pacote com uma meia-de-seda dentro e algumas outras coisas. Nada interessante. Do outro lado, o do pai, pouca coisa. Uma corrente de prata, um radinho de pilhas e uns envelopes com uns anéis flexíveis dentro. Deixou de lado o que já conhecia e pegou um daqueles tentadores pacotinhos escrito Jontex. Abriu um, lógico. Olhou, pegou, sentiu que era escorregadio e meio fedorento, esticou, puxou, enfiou a mão dentro, encheu, murchou, encheu de novo, amarrou, estourou. Tudo isso e nada de descobrir pra que servia. Pegou outro, ficou examinando, sem conclusões. Botou tudo no lixo, disfarçadamente. Chamou a empregada, pediu uma torrada e um nescau e sentou pra ver TV encucado. Nos dias de hoje, teria uns 15% de chance que a resposta estivesse em algum programa "educativo" na tv, em segundos zapeando ele fatalmente saberia. 65% do guri ler o manual de instruções e descobrir sozinho. Fechando, 99% de probabilidade dele já ter visto uma antes e fechar a gaveta como se não tivesse nada dentro.

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